quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Monge Sendo Tentando



"Do sarro, a risada e o cigarro, as juras à noite de um monge pra sempre. Usa do pão e do vinho pra Ressureição, do seu corpo pra mente." (Maria Gadú)


O local onde habitava reproduzia exatamente a sua face misteriosa. Eram grandes muralhas edificadas sobre um monte alto e inacessível, assim como a figura totalmente oculta dos monges dali.
Ele permanecia parado; entoava Magnificat, a prece da Anunciação da Virgem Maria. Não ousava nenhum movimento corporal. Sua atenção voltava-se excepcionalmente ao seu Deus íntimo e particular, o Deus dos monastérios.
Sua razão lutava sutilmente contra o ser que lhe chamava a atenção. Ele sentia um calor um pouco frio, um cheiro amargo de fumaça.
Pelo pouco que pôde perceber,viu que o ser se apresentava como uma mulher alta, um vestido ardentemente vermelho e uma voz sussurrada, irônica, branda. Ela tinha cabelos longos; suas unhas eram sujas; sua pele, branca. Seu seio estava à mostra.
O coração do monge estava levemente acelerado e sua razão buscava a força para proteger-se em seu estado mais interno e frio.
Era uma tentação, um pedido que gritava para ser correspondido, uma farsa, uma armadilha, uma oferta de um mundo supostamente bom, o mundo-por-trás-das-muralhas.
Quando se deu conta, o monge perdera-se em sua oração, não conseguia voltar à sua conexão com seu Deus.
- “Ces’t Fini”. – disse o Diabo, sempre precipitado.









G’ Stresser.

4 comentários:

  1. Pessoal, vou ficar off por um tempo! Obrigado aos leitores pelo carinho!

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  2. Mais um texto incrível heim? rsrsrs Esses sentimentos que sempre nos cerceiam. Estamos sempre nessa luta do bem contra o mal. Interessantíssimo esse texto.

    Um abraço meu querido e não se demore!

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  3. Indescritivelmente maravilhoso, sempre....

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  4. Muito bom o texto, incrivel como vivemos esses sentimentos de forma tão intensa ao longo da vida!

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liberdades saborosas