sexta-feira, 26 de março de 2010

Reconstatando


Há os longos, os curtos ou medianos. Há aqueles que naturalmente são louros, ruivos ou castanhos, ao passo que existem os que artificialmente são considerados como tais.
Há os que morrem sem perder a virgindade. Ou melhor, não há, porque cabelos não morrem: mesmo após o despejo do corpo, eles continuam vivos.
E meus fios brincalhões novamente resolvem crescer, e mais uma vez percebo que preciso cortá-los.
Voltar ao salão: cortar as falsas amizade, as falsas verdades.
Está na hora de voltar ao salão: rever. Reavaliar, reconsiderar e reconstatar.
Voltar ao salão: trazer de volta.
E saber, enfim, que os fios sempre crescem e sempre precisam ser cortados.
E concluir que sempre existirão cortes diferentes, pois o que seria do mundo se o rastafári fosse universal? E eu, no meu estilo, ainda prefiro cortar meu cabelo a cada dois meses, porque os fios brincam comigo e me fazem passar calor.
Algumas luas se passaram e meu eu está diferente. Agora me deixe ir, preciso ir ao salão que há em mim.





G’ Stresser.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Mil.

São três meses mais alguns contos de dias de um leve trabalho que pensei, por vezes, ser em vão. Mas não, percebi que essa brincadeira é bem mais legal do que pensava!
Obrigado à todos que acompanham, muito obrigado mesmo. Agradeço aos amigos, companheiros, jovens idosos, familiares e demais blogueiros que um dia passaram por aqui.
Agradeço às críticas construtivas, aos elogios e aos simples comentários.
São MIL visualizações!
Aprazível Irreprochidez, o Sabor da Liberdade.





G ' Stresser.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Água Insensata.



Ela chega sutil. Nasce da dança das pálpebras dos olhos do céu. Seu movimento deliciosamente pecador a torna herege. Morta, cai por terra.
Lauta e sábia, resolve brincar de ser. Canta em si mesma, engana o céu e se faz em gotas. E faz de conta que é fogo: queima e arde de vontade plasmear. Faz de conta, ainda, que é mulher: se faz bela e encantadora. Por fim, antes de sua aterrissagem, faz de conta que é.
E alegra-se quando vê, a sua espera, a terra seca. E quando enfim pousa, logo a abraça e sente o gosto do beijo de terra molhada.
E depois de brincar de ser fogo e mulher, depois de matar as saudades da terra, logo se faz de tédio e se torna saudades.
Impaciente e sentimental, lembra-se dos tempos em que brincara de ser inocente e celícola gás. Rende-se ao Raio Calor Sol e em malemolência e fraqueza desmaia.
Feliz e irônica, sobe em ascensão aos céus. Resolve novamente brincar de ser. E dança em si mesma, engana a terra e se faz em nuvens. E faz de conta que é água: escorre e grita de vontade condensar. E faz de conta que é criança: se faz pura e doce. E antes de continuar a ser, faz de conta que é ciclo.




G’ Stresser.

sábado, 13 de março de 2010




Confesso que ainda lembro-me de quando decidi comer alface, de quando rabiscava a porta da sala, de quando eu nunca terminava as pinturas em sala de aula e a professora Meire - ainda sonho em revê-la - deixava como tarefa (mesmo assim eu não terminava). Lembro do dia que uma fria lágrima caiu do meu rosto ao saber que minha bisavó havia morrido. Lembro de quando brincava com Dududinha (uma história já contada aqui). Lembro-me do dia em que ajoelhei e agradeci a Deus porque minha mãe estava grávida. Lembro de quando posava na casa da vó morrendo de medo das histórias macabras que o Ratinho mostrava em seu programa. Lembro de quando a Daddy veio posar em casa, e pela manhã ela me deu pão com Nesquik. Também me lembro de quando ela quis botar na minha cabeça a tabuada do sete enquanto tinha apenas cinco anos. Lembro de quando ia à missa das quartas-feiras com minha avó. Lembro da saborosa salada de tomate que minha tia fazia. E de todas as lembranças, a que mais perece é aquele elefantezinho à corda que cantava musiqueta para eu dormir. E de todas as saudades, ainda não sei ao certo onde se encontram os resquícios desse elefante, nunca mais o reencontrei.


Confesso que ainda anseio viajar o mundo, conhecer novos lugares. Ainda anseio me tornar um doutor da alegria, fazer meu documentário e ter uma casa no sítio. Quero ainda ficar velho. Quero ainda, quando adulto, voltar às minhas origens. Quero ainda escrever livros e cativar mais as pessoas que amo. Quero ainda deixar de ser tão desse jeito e aprender a valorizar somente a quem merece. Ainda vou mudar de vez, aprender a amar a vida. Ainda anseio conhecer realmente quem são as cobras e os coelhos. Ainda vou ter uma chinchila. Ainda vou conhecer os filhos do Rei Sebastião na Ilha dos Lençóis. Um dia vou ter um piano de cauda. Ainda tocarei nos pés da sabedoria. Um dia, quem sabe, descubro quem são pessoas. Mas antes disso, anseio - e anseio muito – descobrir, enfim, quem sou eu.


Confesso que ainda penso que pessoas não nasceram pra existir, mas sim para viver. Ainda norteio-me pela lei do Karma, o ato e feito. Ainda penso em nunca me separar de mim mesmo. Ainda penso que no fundo os seres humanos têm um valor imensurável, mas ainda assim deixam se cobrir pelo lodo da ignorância. Ainda penso em continuar ouvindo Cássia, comendo alfajor e bebendo chá verde.
Ainda penso. Ainda sou. Mas acima de tudo, ainda vou ser. E vou.


Agora tenho que confessar que sou mais amigo do Confesso-Que-Ainda-Penso que do Confesso-Que-Ainda-Lembro e do Confesso-Que-Ainda-Vou. Por quê?
Porque o ele é quem me faz ser. Ele sou eu, e os dois outros amigos Confessos são apenas membros repartidos do meu pensamento.






G' Stresser.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Yin Yang



No início, era apenas um ser. Os dois deuses presentes num só corpo e numa só entidade moviam os céus e a Terra.
Ao aposentar, o Empíreo Decripto Céu tinha lhes conferido poder supremo.
Todas as forças e energias eram voltadas à mansuetude dos Grandes Deuses presentes em um só corpo e em uma só sintonia.

(...)
Naquele dia houve um conflito, para a surpresa de todos. Pela primeira vez, as forças começaram a sair da Sintonia Constante.
Logo após o fato, as energias das dos dois Grandes Deuses conflitavam-se constantemente.

(...)
Inesperadamente, após um período de conflitos constantes, houve o dia da grande separação. Não mais existente nenhuma sequer sintonia, o Empíreo Decripto Céu acordou de seu sono e separou as duas forças.
À força-primeira deu o nome de Sol. Ao Sol, o Empíreo Decripto Céu concedeu a energia do conhecimento e o qualificou como ‘Guardião’.
À força-segunda deu o nome de Lua. À Lua, o Empíreo Decripto Céu concedeu a energia da sabedoria e a qualificou como ‘Rainha’.
Para que as energias nunca mais se unificassem, o Empíreo Decripto Céu criou dois grandes espaços: o Dia e a Noite. Ao Guardião, confiou o Dia, e à Rainha, confiou a Noite.
A partir de então, as duas forças encontravam-se separadas e sozinhas.

(...)
Ao longo do tempo, Sol e Lua: o Guardião e a Rainha aprenderam a esquecer a mutualidade e passaram a viver por si só.
Quando o Guardião se põe a dormir e recolhe o Dia consigo, a Rainha aparece laureada pela Noite.
E quando o Guardião alimenta as ocultas e famintas lembranças do amor passado, se põe a chorar, e então a Terra vê de longe a sua Chuva-Tristeza. Rude e orgulhoso, logo trata de pintar um belo arco colorido no Empíreo e convocar seus servos pássaros para fingir que não sente saudades.
A Rainha, sábia e alquimista, quando recorda do amor passado, chora verdadeiramente suas saudades. Ela não trata de pintar arcos coloridos e ocultar seus sentimentos, apenas guarda-se no interior de sua escuridão e ordena às filhas estrelas para que se coloquem a dormir.
Quando, às vezes,se encontra míope no Véu Noite, a Lua não se identifica ao certo e sai vagar. Por algumas raras vezes, ela encontra as portas do Dia e avista os raios do Guardião. A Terra, nesses instantes, aplaude sadicamente o rastro negro deixado pela Lua nos olhos do Dia. A Rainha, assustada, logo puxa a longa cauda do Véu Noite e volta para seu devido lugar.
Ainda hoje a Terra espera o Grande Reencontro, tão aguardado por todos, até mesmo pelos Deuses, que subliminarmente anseiam a volta dos tempos em que amavam a paixão.

G' Stresser.

quarta-feira, 10 de março de 2010

chapéu,





Pula e pula, faz a festa
Canta e dança, fofa e bela
Corre e brinca na floresta,
Chapéu, Chapeuzinho Amarela.
G' Stresser.