domingo, 26 de dezembro de 2010

Dois mil e onze.

O milagreiro que está em você só precisa do impulso. Nas suas veias trançadas em cordel, há uma certeza de que a vida corre vagarosa e desumana.
Os gritos exorbitam de vontade morrer para o mundo, o muque tem sede da luta. A pergunta tem gana de resposta, o remetente ama o destinatário.
O milagreiro que está em você cresce a cada amor mal resolvido, a cada música não-terminada, a cada prego que enferruja
O segredo tem medo do exagero, o engano foge da verdade, o Diabo teme a Deus.
O milagreiro que está em você só precisa de você. Só precisa do teu eu, da tua vida, do teu corpo e da tua alma. Ele quer tua miséria, tuas doze profecias e tua riqueza.
O encontro se amarra no destino, o frágil se quebra na coragem, o raio grita o trovão, e tudo fica combinado ao sim e bem assim.


Um beijo, um queijo e feliz 2011.

G' Stresser!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Aprazível Irreprochidez. Um ano. 4500 visitas nacionais e 300 internacionais. 86 seguidores. Três selos. 42 postagens. Obrigado, muito obrigado!


E eu que tenho sempre meia dúzia de “indispensáveis inicialidades” para todos os meus textos, perdi todas as palavras agora. Deixo-me subscrever por um eu - lírico meio embriagado, que sonha há exatamente um ano. Um ano de muita graça, de muitas palavras, caracteres, surpresas, conversas, crônicas e pérolas.

Criar o blog foi mais uma aventura, um fato que me dá até hoje medo, confiança e certeza. Ele está crescendo, tomando rumos expelidos previamente. Minhas palavras não agüentavam mais e decidiram voar. Encontrar a essência da vida e do profundo ainda me gasta tempo e algumas dúzias de devaneios, mas bem sei que isso não se busca, mas se encontra quando menos se espera.

Meu confessionário, meu porto quase seguro e minha voz ativa, que resolveu gritar e gritar e gritar. Mergulhei num mar de audácia em busca de coragem para encarar a Saborosa Liberdade, que às vezes me rasga numa violência drástica e dança dentro de Meu Eu. Liberdade eclética, gnóstica, intrínseca, maravilhosa, risonha, dual.

Transpiro neste momento um sentimento sem nome, uma caixa de mistérios que aos poucos se abre dentro do meu coração. Um continente de gases que aos poucos se espalha, toma as mais diferentes medidas para se adequar Às condições normais de temperatura e pressão. Sôo uma melodia molhada, carregada de noite, vento e tempestade. Carregada de busca que se perde no tempo e espaço.

Resta-me agradecer a todos que sempre me apoiaram e continuam apoiando, fazendo deste blog a vestimenta da minha Alma Escondida, do meu desejo Voador um anjo que deambula por mundos distintos em busca de triunfo.

Obrigado aos leitores e não-leitores. Obrigado à legião de pessoas que se encontram em diferentes raízes e sonhos. Obrigado a quem busca voar alto e fazer das palavras algo mais mágico do que já são. Obrigado aos esperançosos e aos que buscam a Aprazível Irreprochidez!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010



Evoque.
Evoque um pingo de suor onde há trabalho
Evoque uma cabeça onde há um só dente de alho
Evoque quinze fitas do Senhor do Bonfim
Evoque orixás e os traga para mim.
Evoque areias e rendas de Ana’ntonieta.
Evoque milhões onde há uma só faceta.

Evoque uma chuva de vento no teu coração
Evoque um redemoinho que caiba na tua mão.

Evoque desarmonia e conflito.
Concorde qu’eu repito,
Evoque o que há na essência.
Evoque Harmonia, desevoque violência.

Evoque sons afogados nas luzes
Evoque orações a teus Jesuses.

Evoque velas ou as apague.
O que eu digo trate e trague
d’Evocar o desespero do jogo
Evoque também cachoeiras de fogo

Evoquem tuas feridas da vida
Evoquem tuas Marias Sofridas.
Evoquem tuas casas de João de Barro
Evoque meu povo, evoque o que narro.









G' Stresser.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Súplica de Passagem.

Aos milhares de Joões Ninguém que nascem e morrem dentro de nós, a cada dia.

...


Não tenho como deixar dinheiro, matéria, coisa assim ou coisa e tal: Entre o bem e o mal, me restou a pobreza. Se por acaso me falta a beleza? Ora, não conheço vaidades. Meia dúzia de verdades e papelões ainda restam na minha casa. Aliás, minha casa sou eu, minha casa mim. Caramujo feito assim, morro hoje com barba asquerosa e nunca feita e um orgulho que até ao viaduto despeita.
Risos pigarreados. Orgulho do quê? Resta-me desgraçadamente apenas um dégradé de vícios e moradias. Com a maior das alegrias, eu, respeitável Conde de Neca de Pitibiriba dormi em mil noites frias e diferentes entre si. Faltaram-me cobertores quentes, em nenhuma família cabi. Morro hoje, mas morro com o triunfo ereto pela graça de ser o que fui, na alegria, na tristeza, nas promessas e nas ruas.
Dou meu teco no último cachimbo e suo os últimos devaneios moribundos. E de todos os vícios vagabundos, o melhor sempre foi lutar contra a verdade de ser mendigo – jogo o cachimbo no chafariz da praça, ele morre instantes antes de mim.
Nos áureos últimos minutos, concluo que aprendi a mergulhar na desgraça. Talvez fosse interessante se criassem uma mãe para entregar o seu filho na hora da morte. Se isso já existe, desconsidere o que eu disse. São meus neurônios que entram em eterno sono, já não mais fortes. Últimos risos pigarreados.
Atenciosamente,

Dom João Ninguém XVI do Condado de Neca de Pitibiriba.


...


(Carta encontrada junto ao corpo de um mendigo na Praça da Sé, em 2 de novembro de 2010.)








G’ Stresser.

domingo, 10 de outubro de 2010


E de tanto correr atrás de m nome para mim, meu amo, o Eu Lírico, enfim descobre que eu sou Máscara.
Dezessete de Março de 2010, sete e vinte da noite. É bom saber que acabo de nascer. Não nasci como bebê, aliás. Nasci nas minhas condições, já que não existo.
Eu bem sei que meu criador, o amo Eu-Lírico, chegou a me chamar de Laura Guetenberg e Matilda Von Shwüess. Não me incomodo, só quero que saiba que meu nome é Mascara, senhor de facetas.
Sou um personagem, vivo e existo a partir do momento que tua imaginação me psicografar em palavras. Existo apenas dentro de ti, Eu-Lírico. És minha bolha de vida, meu sopro de sabão.
Enfim, não quero criar uma grande história ainda nesta noite, nascer me desgastou muito. Agora vou me retirar para dentro de ti, descansar e pensar no que serei amanhã.

Pelo que eu conheço, bem sei que meu amo Eu-Lírico não terminará essa história aqui, Espero-lhe até quando quiser me despertar. Quem sabe essas sejam as primeiras palavras de um livro, um dia.
Adeus.

















Máscara.

Meu Eu-Lírico, quando quer chegar, me arranha, me rasga em sete partes. Eu cedo com toda a submissão que há no mundo. E pronto, ele me encarna, simples e feroz assim. “E toda vez que vier, felicidade vai trazer. A cada vez que quiser, basta a gente querer. Ser desta vez a melhor.” Ao som de Móveis Coloniais de Acaju, boa noite.







Numa mistura de tudo o que há no mundo, deixo que meu Eu-Lírico tome conta de vez e agora me retiro. Está na hora de gritar angústias.
Hoje começa meu novo ciclo, minhas mudanças mais profundas. Está na hora de varrer o que há de escondido no fundo do último tapete da última sala da minha vida. Está na hora da hora, do novo e retrocesso começo.

Há um ano, eu usava um espelho e ele não me agradava muito. Todos os dias, eu via a mesma coisa, o mesmo rosto projetado num acervo completamente monótono e, convenhamos, feio demais.

Decidi então quebrá-lo em sete dúzias de partes. Com ajuda de alguns materiais que me apareceram no meu caminho, transformei-o num belo mosaico.

Sem o espelho, eu não podia mais pentear meu cabelo. Mas na verdade eu sabia que não precisava disso, com o eterno perdão da palavra, que tudo se foda em quinhentos estouros, inclusive meu cabelo. Sabe que esse espelho até me pediu um nome?!

Sim, eu o batizei. Aqui ele está hoje, o meu espelho, o Espelho-Eu. Cordiais saudações, Senhor Espelho G’ Stresser.







“Do que é ruim eu me esqueço, o bom eu quero mais. Da tristeza eu quero o avesso, agora quero paz. Saiba que todo fim é um recomeço, pra nossa vida eu quero amor, o resto eu desonheço. Tudo que é bom ou ruim, não faz mais diferença.”

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Equação de Saudades.




Walking gets too boring when you learn how to fly. (Isabel Mebarak)



Há quatro anos e quatro horas atrás, o destino resolveu findar o vôo Gol 1907 antes da hora esperada, levando Gregório consigo.
Dois anos, onze meses e seis dias depois, o mesmo destino resolveu levar a esposa de Gregório para seu encontro.
Sim, estou chorando. E também sentindo algo muito extremo e diferente. Minhas mãos estão um pouco atordoadas, minha letra sai horrível.
Após o acidente com seu marido, eu pensei que ela nunca mais fosse dar sua sadia gargalhada, mas bravamente ela lutou contra a morte de vida que a permeava: decidiu ser mais forte.
Sabe, minha madrinha, eu já chorei demais por sua falta. Já senti a pior amargura da minha vida com suas lembranças. Já senti sua presença duas vezes. Já imaginei vê-la, ouvi-la, sentir seu afago.
Mas até parece que morrer fica leve como uma pena pra você. Morrer é apenas um momento, foi apenas um instante. Tudo acabou, mas acabou num segundo.
Na verdade, sua morte foi para mim um exponencial de lembranças para a equação de saudades que eu já sentia por você, antes de tudo.
Na verdade, não compensa chorar, não compensa escrever, não compensa nem morrer. Afinal de contas,

Caminhar fica tão chato quando se aprende a voar, não é?!









G' Stresser.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

6 Bilhões

Já parou pra pensar?



Neste momento,
Alguns gritam de dor, outros gritam de alegria, outros gritam por gritar.
Muitos nascem, alguns renascem, outros decidem viver.
Muitos morrem, alguns sofrem, outros decidem morrer.
Alguns giram para caboclos, outros giram para gerar energia e outros giram por girar.
Alguns estão famintos de morte, outros estão morrendo de fome.
Neste momento,
Muitos se unem por amor, alguns se unem por dinheiro, outros se unem por unir - sem.
Uns fazem confusão, outros fazem filhos, outros não fazem nada.
Uns tomam coragem, outros tomam vergonha e outros tomam banho.
Alguns ajoelham-se para Deus, outros para limpar o chão.
Alguns acabaram de crer em amor à primeira vista, outros acabaram de desacreditar no amor.
Neste momento,
Uns ganham calorias, outros ganham dinheiro e alguns ganham prestígio.
Alguns aceleram partículas, outros aceleram o passo e muitos aceleram o carro. (Alguns acabam de morrer.)
Pais encontram filhos, perguntas encontram respostas, tampas encontram panelas, ânions encontram cátions.
Neste momento,
Os que nasceram há pouco podem já não estar mais vivos.
Os que giram por girar devem estar tontos,
Os que gritam por gritar devem estar roucos
E os que decidiram viver devem estar felizes.





















G' Stresser.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vanilla Twilight.



Porque, afinal, quanto maior o equilíbrio, menor a insensatez.

Não sei ao certo se estou bem, acho que não, me sinto numa carência por equilíbrio, talvez precise de uma dose muito forte de crepúsculo de baunilha. Boa noite, ao som de Vanilla Twilight.
Às vezes a vida dá voltas demais em um curto espaço de tempo. A gravidade parece então estar nula, e imaginamos voar. Um erro, porque quando tudo volta ao seu devido lugar – caro equilíbrio – podemos perceber que tudo não passou de momento.
Tempo, confusão, gravidade, equilíbrio, amor, vida, rotina. Tudo é muito confuso, ou talvez quem esteja confuso seja mesmo eu, que não encontro outro caminho a não ser o das perguntas sem respostas.
Sinto um pouco de repulsa de mim, talvez seja só mais uma fase. Mas é pensar em fases e viver em conseqüência e espera delas que causa essa ojeriza.
Agora vou ignorar todos os meus pensamentos em busca de um silêncio que me faça dormir. Afinal de contas, a que ponto quero chegar? Argh.







G' Stresser.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sincronicidade




O fim do filme é o nada das estrelas.
Estrelas são ciganos distantes de nós.
Ciganos são sábios colecionadores de movimentos.
Movimentos são os andarilhos do vento.
Vento é o dançarino da noite.
Noite é o quadro negro da Lua.
A Lua é a grande mãe das lembranças e saudades.
Saudades são convites da solidão.
Solidão é o combustível das lágrimas.
Lágrimas são pequenas chuvas de sabedoria.
Sabedoria é uma velha senhora, mãe da felicidade.
Felicidade é quando a alma decide sorrir.
Alma é um conjunto de mistérios em desarmonia.
Mistérios são as vestimentas da natureza.
Natureza é a mais doce das verdades.
Verdades são jovens castas que vão para o céu.
Céu é o sacrário da fé.
Fé é a capacidade de crer no infinito.
Infinito é o paradoxo da morte.
Morte é o começo da vida.
Vida é uma sessão de cinema na qual ninguém pode prever o fim do filme.










G’ Stresser.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Monge Sendo Tentando



"Do sarro, a risada e o cigarro, as juras à noite de um monge pra sempre. Usa do pão e do vinho pra Ressureição, do seu corpo pra mente." (Maria Gadú)


O local onde habitava reproduzia exatamente a sua face misteriosa. Eram grandes muralhas edificadas sobre um monte alto e inacessível, assim como a figura totalmente oculta dos monges dali.
Ele permanecia parado; entoava Magnificat, a prece da Anunciação da Virgem Maria. Não ousava nenhum movimento corporal. Sua atenção voltava-se excepcionalmente ao seu Deus íntimo e particular, o Deus dos monastérios.
Sua razão lutava sutilmente contra o ser que lhe chamava a atenção. Ele sentia um calor um pouco frio, um cheiro amargo de fumaça.
Pelo pouco que pôde perceber,viu que o ser se apresentava como uma mulher alta, um vestido ardentemente vermelho e uma voz sussurrada, irônica, branda. Ela tinha cabelos longos; suas unhas eram sujas; sua pele, branca. Seu seio estava à mostra.
O coração do monge estava levemente acelerado e sua razão buscava a força para proteger-se em seu estado mais interno e frio.
Era uma tentação, um pedido que gritava para ser correspondido, uma farsa, uma armadilha, uma oferta de um mundo supostamente bom, o mundo-por-trás-das-muralhas.
Quando se deu conta, o monge perdera-se em sua oração, não conseguia voltar à sua conexão com seu Deus.
- “Ces’t Fini”. – disse o Diabo, sempre precipitado.









G’ Stresser.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Meu Avô e Eu.



"A gente chegou um dia acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o 'pra sempre' sempre acaba." (Cássia Eller)


Ele não pôde me ensinar a escrever, andar de bicicleta, pescar. Quando nasci, ele já falava com um pouco de dificuldade e a bengala era sua melhor amiga ao andar. Ele vinha uma vez por mês em minha casa, assistia ao jogo do Santos e comia pipoca. Ele era um pouco teimoso, não aceitou fisioterapia. Íamos todos os domingos em sua casa. Ele cresceu no sítio. Lá, aprendeu a ser forte. Hoje imagino o quão difícil foi lutar contra as doenças que o tempo vinha trazendo. Criou dez filhos. Sobre seus antepassados, não tenho notícias. Ao fim da vida ele estava frágil, talvez o mundo atual tenha feito com que ele se cansasse depressa. Seus dedos eram tortos por conta do derrame, sua voz era tênue e frágil.
À medida que eu fui crescendo, meu ego foi fazendo com que ficássemos mais distantes. Nem todos meus domingos eram em sua casa. À medida que eu fui crescendo, também, sua vida foi ficando mais próxima do fim, seu cansaço aumentara.
A lembrança mais triste de minha vida foi ouvir seus ruídos – que, sem força, não conseguiam mais se mostrar em palavras – no corredor do hospital, implorando para que voltássemos e continuássemos consigo até o fim, não tão distante daquele momento. Pouco depois, ele resolveu partir. Eu não quis muito acreditar na verdade de perdê-lo, mas hoje creio num descanso no qual ele repousa, muito distante daqui, numa realidade espiritual onde as doenças e os males terrenos não podem alcançá-lo.
Ele não pôde me ensinar a fazer coisas que outros avós ensinam aos seus netos, mas sua lembrança, que reside no fundo da minha alma, pôde me ensinar muito mais coisas, sentimentos que o tempo não é capaz de apagar e que as palavras não são capazes de expressar.











G’ Stresser.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigando


Não tenho tempo (23:45). Julho, 20. Amizade.
A amizade. Como poder transformar em palavras um sentimento que o homem mal consegue interpretar interpessoalmente?!
Quando se é amigo, o coração tem ao menos um motivo para tornar-se frágil. Quando se é amigo, ama-se com afeto e carinho, um alimento tão saudável para a mente quanto o amor para o espírito.
A amizade gosta de paradoxos. Em um momento é tão frágil como um cristal fino, no qual depositamos todo o cuidado possível para que não aconteça nada que faça com que se quebre. Outrora, é tão sólida quanto uma muralha. Nada nem ninguém a abala. Nem ventos, nem tempestades, tampouco a pequena força humana.
A amizade é guerreira. Ela luta bruscamente para unir as pessoas. E também para unir às pessoas um devido sentimento, o seu sentimento, o seu eu. A amizade busca certa conexão entre elos perdidos, um resgate a uma união desconhecida, misteriosa, anciã, sentimental, nada que pode explicar a razão humana.
A amizade tem a capacidade de construir. Ela constrói amigos: a família capaz de ser escolhida. Também tem a capacidade de destruir: a amizade destrói qualquer desavença. E se não destruir, não é a pura amizade.
Ser amigo é ser um irmão mais especial: aquele que luta para mostrar amor e afeto quando faltam os laços de sangue para comprová-los.
Feliz Dia do Amigo.









G’ Stresser.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Game Over

Eu queria era dizer diferente, aquilo que todo mundo sente, mas não consegue expressar. (Priscilla Leone)


Meus dedos doem, faz muito frio neste momento. Não gosto de desperdiçar palavras, jogá-las em um nada sem um motivo realmente cabível. Mas eu preciso escrever.
Meu dia foi realmente metódico, a sinusite gritou forte na minha cabeça, mas estou melhor do que ontem.
Eu preciso de algumas doses nesse momento.
Uma dose de Budesina para controlar o nariz gripado, por favor.
Uma dose de calma e um mantra indiano.
Acima de tudo, uma bela e farta dose de egoísmo e frieza. Certa vez, uma pessoa muito especial me disse que eu precisava de um pouco mais de egoísmo.
Ando precisando de altruísmo próprio. Preciso subir todos os montes gelados que existem dentro de mim antes de querer abraçar o mundo.
Não, eu não quero desperdiçar ‘te amos’ para pessoas que não valham à pena. Já basta um mundo ferido e carente lá fora que precisa distribuir amor para todos.
Por favor, não quero agradar gregos e troianos. Agora chega.
Chega de escrever, de desperdiçar meu tempo com pessoas, sentimentos, gestos e outras coisas que não precisam vir à tona.
E por fim, uma dose de calor humano para esse frio. Ou melhor, uma dose do meu calor humano, por favor. Ces’t Fini.






G’ Stresser.

quinta-feira, 8 de julho de 2010


Vai diminuindo a cidade, vai aumentando a simpatia. Quanto menor a casinha, mais sincero o bom dia. (Pato Fu)



Acordo com o bule de esmalte apitando no fogão. Sono fácil e goiabada cascão, hora de começar mais um dia. Maior é a alegria nascida na terra brotada. Mais alegre ainda é a passarada que nas nuvens cirandeia. O sangue que corre nessa veia é a água que saúda a plantação. Dói e amarga o coração quando o homem desmembra e sair voar pela selva de pedra.
Borda um tapete a filha e a mãe um pano de prato. O pai à Deus é grato pela farta colheita. Com a vida sastifeita, a vó reza o terço sempre às três.
A Roça Vida se cansa ao fim do dia. Sonolenta e doída, a alegria boceja. Um pedaço do bolo de fubá, ao fim do dia, é o que se deseja. Pés sujos na bacia de lata. Enquanto canta o luar lá fora, o lampião tira um cochilo e o silêncio faz a festa.
Sinfonia boa é a da floresta que permeia o sítio cercado. Lá fora, um vento suspeito, frio, meio amargurado.
Acordo com o bule de esmalte que apita novamente no fogão. Mais um dia pela frente, sono doce, goiabada cascão.












G’ Stresser.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Felicitações.



É hora de escrever. Começa agora o especial Michael Jackson’s This is It. Terminam agora meus quatorze anos.
Sim, meus olhos doem. Acabo de chorar muito, muito mesmo. Minha madrinha não está mais neste mundo para me parabenizar. (Uma lágrima luta para sair agora.)
Sim, muitas coisas mudaram na minha vida. Aprendi a degustar sabores, descobri aromas, músicas e sentimentos. Gostei. Cair algumas vezes me fez bem, porque além de tudo inventei uma receita caseira para curar-me. Curei. Pude perceber que o tempo é o senhor de todas as coisas. O tempo é perigoso, Quando quer, ele brinca com os sentimentos humanos. (23:37) Ele faz com que seus melhores sentimentos sejam levados com a brisa os piores se tornem ácidos corrosivos para nossas feridas. Percebi.
Resolvi mudar meu ambiente. Tomo chá verde, ascendo um incenso. Cobri meu guarda-roupa com quadrinhos de gibi. Nossa. Muitas coisas mudaram. Algumas foram para onde não há gravidade, não tenho mais recordação. Outras, teimosas, ainda insistem em me perturbar. Algumas coisas são pessoas, algumas pessoas são coisas.
Faltam quinze para os quinze. (23:47) Luto em busca de grandeza, penso que sou maior que minha mãe, me orgulho perante meu irmão mais novo. Mas continuo tendo menos que 15 anos.
A emoção, apesar de tudo, brinca comigo quando a hora está chegando.
Isso vai ser legal. Espero, nesses quinze, ir muito mais além de mim, dos meus eus imagináveis. Rir de piadas sem graça; dormir até as quatro da tarde, quando possível. Sabe o que eu espero?!
Eu espero ir mais além da minha pequena atmosfera. Eu quero enxergar o vento, sentir o sabor de cada nota musical.
A propósito, não continuo tendo menos que 15 anos. (00:00)
Feliz Aniversário,






G’ Stresser.

sábado, 12 de junho de 2010

Doze Profecias e um Doce Desespero



Passávamos pelas curvas da estrada à beira-mar com tanta voracidade e rapidez que meu coração adormecia em estado de inquietação. Surrealmente, algumas ondas batiam eufóricas no automóvel na tentativa de nos levar para si.
Enfim, o mar havia cessado.
Avistávamos, agora, a entrada da chácara que se perdia no horizonte. Ao passar pela porteira - que desta vez estava na ausência dos anjos com suas trombetas, como em outras vezes – ela havia me dito que a Cigana estava por perto e que a missão estava começando a se realizar.
Chegamos, então, ao ponto máximo da emoção. Precipitadamente, me tomei de medo e tremulamente observei a entrada do bosque. A Cigana havia descido.
Árvores altas se uniam num ritual místico, competiam entre si e não permitiam nenhuma manifestação de luz solar. Ao olhar para cima, avistei cenas chocantes: Pretos Velhos e meninas maltrapilhas, que se prostravam como zumbis, mesclavam-se numa grande manifestação sobrenatural e mística.
Dentro do automóvel, a Cigana gritava saudações e entoava cantos e toques. Havia ali, à minha frente, uma sinfonia composta por gritos de euforia e um doce desespero, ritmos de batuques e entidades saudadas com alegria, de modo muito estranho aos nossos olhos.
Ao chão, adormeciam caveiras e seres mais misteriosos dançavam. Baianas faziam oferendas, reproduziam as mais remotas harmonias, ressuscitavam espíritos tão anciãos quanto à altura das árvores.
Ao fim do bosque, as últimas árvores choravam ardores ainda mais misteriosos. À frente, avistamos uma choupana.
“Pois foi este o caminho que escolhestes. Este, então, não é o caminho que escolhi para conosco. Adeus.” – Um dos que foram escolhidos para presenciar a manifestação do bosque, descontente e fugindo de medo, ao pegar um rosário e iniciar uma oração, me disse com tristeza.
Ela então estava sentada sozinha, num canto. Fui ver o que acontecia, e então me disse que passaria por doze profecias para alcançar sua evolução.
A me ver confuso e sem entender sua metáfora, ela sugeriu que eu viajasse para outro plano para poder visualizar as suas doze provações. Mas infelizmente essa façanha não me foi concebida.
Enquanto viajava, acordei. Madrugada de vinte e quatro de maio de dois mil e dez. E então me lembrei que venho sonhando com este bosque há algum tempo, o que me causa certa sede pelas respostas destes mistérios.





G’ Stresser.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Onde Escolheram Existir.

Enfim, tudo se põe no seu devido lugar. Cada música encontra seu arranjo, cada anjo encontra sua alma.



De todas as vontades,
Apenas pelas verdades ainda tenho sede
Veja e crede, a vida é um poço sem fundo.
Carente e venerado mundo, este sim carece de beleza.
Um chiclete doente, mastigado; uma taça de vinho sobre a mesa.

Pôr os olhos sobre os céus, a eterna Sinfonia Sacra
Do passado que tanto massacra deixar tudo ao vento
Num mundo carente onde viver é sofrimento
Fazer de cada dia uma bela superação

Pois até onde haja palavra,
Há também um eremita transformando-a em meditação
Até onde haja saudade,
Há um saltimbanco transformando-a em canção.

E enquanto houver vidas lado a lado,
Tudo não passará de uma besteira
Num mundo carente e venerado
Onde cair é brincadeira

E enquanto tudo estiver por um fio,
Basta apenas rir
Já que viver é um eterno desafio
Num lugar onde escolheram apenas existir
.






G’ Stresser.

terça-feira, 18 de maio de 2010

26 Minutos


Sim, vou falar sobre meu dia. E vou falar rápido. (20:52). Estou a escrever no meu caderno de escola, e isso desconforta minhas palavras (luto em busca de eufemismo e boniteza para elas. Sim, luto por boniteza, não por beleza). Enfim entreguei a carta que havia escrito no sábado. Sim, minha letra está horrível porque tenho toneladas de trabalhos pra fazer ainda hoje. (Hiperbolicamente, 20:56. Acaba de começar a nova novela das oito). Ainda não tomei banho. Tenho dois textos incompletos. Sim, estou idealizando mais um. (21:00). Adoro escrever em cima dessa madeira que trouxe de casa (repleta de massinha de modelar grudada por meu irmão). Não, hoje não está frio. Hoje não tomei iogurte. Quando terminar de escrever, vou tomar banho, vinho e vergonha na cara pra terminar meus trabalhos. (Minha letra piora). Meu celular é um viciado. Ele come carga compulsivamente. (Fora de área). Chuva boa. Vontade de sair pela chuva ouvindo Sweet Jardim. Sim, meu (ex) tênis branco está marrom. PUTS. Olhei pra minha meia. (Pior que o estado do tênis). (21:10. Interessante o “Parabéns” em italiano, na novela. Leandra Leal está deslumbrante).Sete linhas para o fim da página. Vou-me embora. (Cena quente na novela, com Maitê Proença). Hoje lembrei que não vou mais roer unhas. Perdi doze seguidores no Twitter. Chega. O assunto começa a ficar vago (ironia). (Rumo à duas mil visualizações). (21:18). Auf Wiedersehen:*

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Segundo Sol

Eu só queria te contar que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia e a vida que ardia sem explicação” (Cássia Eller)

Quarta-feira, 31 de Março de 2010, 19:35 .
Sinceramente, eu nunca havia presenciado tamanha lhaneza de sua parte. Audaciosa, Ela resolveu me visitar para ver meu espanto diante de sua mansuetude.
Nenhuma ciência poderia descrever o que avistei da área dos fundos. A Grande Lauta Rainha Lua estava ali, na minha frente, como nunca antes visto.
Naquela noite eu fui agraciado pelo melhor presente que poderia receber de Suas mãos. Todas as noites eu a avistava de longe, e me imaginava saciando minha sede fanática em Seus longos braços tingidos de Flicts.
Enquanto desenhava, mal podia imaginar o que se passava nos Céus. Quando enfim senti um cheiro de mistério que me levou até tamanho espetáculo da natureza, Ela havia se tomado de inocente vergonha e logo se posicionou em seu devido lugar. Bem pensei em registrar aquele momento, contar para todos que a Lua havia descido dos céus para estar ao meu lado, somente ao meu, mas não, até porque somente eu ganhei cinco minutos de profunda platonia de paixão e admiração. Rapidamente, sem ao menos dar tempo de realmente poder pensar no que estava acontecendo, a Rainha voltou ao seu lugar no mais alto dos céus e quando me dei conta ela já não era mais somente minha, mas novamente pertencia aos bêbados da madrugada, aos amantes, às estrelas e à Noite.

Sexta-feira, 30 de Abril de 2010, 18:30.
Até então não havia me dado conta do que estava acontecendo. Ao voltar da viagem, meu ego apenas pensou em se preocupar donde estaria meu MP4 e o livro que havia comprado.
Mas num relance de segundo, enquanto pensava no meu eu, me dei conta que do lado de fora do automóvel acontecia uma linda festa.
Majestoso, Ímpar, Pleno e Rei, o Mestre Raio Sol e Calor resolveu brincar de colorir o céu, e em instante paradoxal chorou uma lágrima de Seu sangue sobre o espaço, que logo tomou conta de se tingir. O Céu, então, se travestiu de Dama de Vermelho, e num instante de tempo se fez a mais bela de todas as cores e sabores: seu véu ardia de alegria, fazia de seu vestido uma acerola carnuda.
Desesperadamente resolvi eternizar aquele momento com uma música, o que provavelmente atrapalhou o festejo celeste, que aos poucos foi se recolhendo. O Mestre Sol, caindo em sono, se fez lentamente relaxar sobre as nuvens. O Céu, agora sóbrio, tratava de tirar sua maquiagem afim de pôr-se em escuridão que há em seu íntimo.
Ao som de Until The Last Moment, os solos e arpejos do piano me acompanharam até o momento da transfiguração de Sol em Lua e Dama de Vermelho em Senhora Negra Noite.


Nesse instante de tempo, espontâneamente algumas lágrimas caíram frias dos meus olhos, que me fizeram enxergar e compreender que após um mês eu havia novamente sido presenteado com outro belo espetáculo do mistério que é a vida e natureza.
Eu não tive, naquele momento, palavra, ato ou qualquer outro tipo de espécie capaz de materializar o que sentia.






G' Stresser.

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Brincar de levar a sério amarela e bilboquê
Meu cão cometeu adultério aquarela e bidê.
Já não sou mais charuto blues e poesias
Joanna Darc cólicas gastrites e azias

Canela em pau, hortelã, cavalinha e arnica
Vela preta Portugal joaninha e Guernica.
Drama fogo Miró sonho foice e guilhotina
Faca ferro dorflex epocler e neosaldina

Figo
Fruta
Louco
Pia
Canta e
Dança
Poesia

Canto pela praça
João, Maria e Graça
Fico faço falo e furo
Dor angústia traz que eu curo

Paro para piar
Há mar na arte de amar
Canela e fiz de coentro chá
Cinco anos imperatriz sou há

Quinze março 2010
Preto branco sorte revés
Vinte uma, alguns segundos e mais meia
Capela Sorriso All Star e Baleia.
G' Stresser.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Decidi trocar meu amor por um quilo de bisteca


Decidi trocar meu amor por um quilo de bisteca. Decidi, enfim, me deixar por fazer, me tornar substrato. Sobrepujar-me diante dos olhos dos outros, fazer-me artista circense e viajante. Decidi poder atormentar minha imaginação até que ela se canse e me faça dormir. Decidi fluir, gritar até me sentir leve a ponto de ser carregado pelo vento. (Aí então, poderei me refugiar no céu e me alimentar apenas de nuvens. Viver da anorexia do existir, apenas saturar-me de gula pelo pensar.) Decidi chamar “panela” de JUPOQÜÍVELA e “paralelepípedo” de GRITAL. Decidi inventar um relógio com letras e estar convicto que o mundo nasceu de uma bolha de sabão. Decidi desprezar churros, me alimentar apenas (se me alimentar, claro) de pamonhas com queijo Vacherin Mont-d’Or. Decidi fazer meu sol acordar às três e quarenta da tarde. Decidi matar a Lua e enterrá-la no céu. Decidi respirar Einstênio. Depois de fazer uma faculdade, decidi me casar e viver na Terra do Nunca ou então no País das Maravilhas, (apesar de minha mãe insistir para que fique por aqui mesmo) lá existem seres devidamente racionais. Decidi avisar quando cansar de viver, para que todos possam saber. Ah, sabe o que decidi agora? Decidi que não vou mais trocar meu amor por um quilo de bisteca, porque sou vegetariano.










G' Stresser.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pequenez



O escritor vírgula então vírgula decidiu escrever ponto
Ele falava das coisas pequenas da vida ponto
Ele falava dos diminutivos vírgula das porções vírgula dos fragmentos ponto
Ele falava da importância da pequenez vírgula da mansuetude das pequenas migalhas e da expressividade das formigas ponto
Ele falava que às vezes o homem procurava tantos significados para suas perguntas na grandiosidade das coisas e não sabia que os sentimentos também se apresentavam em miniaturas ponto
Na verdade vírgula ele queria dizer que o interior é muito mais poderoso vírgula e que uma simples vírgula travessão algo tão pequeno dentre esses 746 caracteres travessão faz muita parênteses e muita parênteses falta ponto final







G’ Stresser.

domingo, 4 de abril de 2010

E viva a Teobromina.


Domingo, quatro de abril de dois mil e dez. 00:00:00
Muita teobromina e lauta heresia.
Joyeuses pâques.



G' Stresser.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por que mentimos? Pelo prazer de enganar ou pelo medo de dizer o que é verdade? A mentira esconde, fecha as janelas. A tirania dos hipócritas impõe o dedo e diz: “Não faça, não sinta, não veja, apenas finja. Sentimentos são lâminas afiadas que cortam superficialmente sua pele, mas não atingem sua alma”
É bem verdade que o mundo é uma mentira.
Mentira é pensar que o amor é um sentimento bonitinho que mora no coração das pessoas. O amor é preto, noite, solidão e chuva.
É mentira também que solidão é um estado de espírito distante dos outros. O ser humano resolveu fazer da solidão uma distância porque esta era muito complexa, difícil de ser compreendida.
Ser humano? Isso sim é uma mentira cabeluda. Seres humanos são máquinas superficialmente saturadas de sentimentos, dotadas de mediocridade e instinto reprodutor.
Na verdade, cansada de existir, um dia a Senhora Mentira resolveu se personificar e então se tornou ser humano. E então tudo se fez de mentira: Construiu-se uma sociedade, os seres humanos passaram de máquinas a “seres pensantes” e isso se tornou metódico.
Mentira é dizer que somos, porque máquinas não são, elas apenas obedecem a comandos previamente ordenados sob algum controle.
Existir é uma mentira. Porque na verdade, a mentira é uma mentira.


Feliz dia da Mentira.




G’ Stresser.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Reconstatando


Há os longos, os curtos ou medianos. Há aqueles que naturalmente são louros, ruivos ou castanhos, ao passo que existem os que artificialmente são considerados como tais.
Há os que morrem sem perder a virgindade. Ou melhor, não há, porque cabelos não morrem: mesmo após o despejo do corpo, eles continuam vivos.
E meus fios brincalhões novamente resolvem crescer, e mais uma vez percebo que preciso cortá-los.
Voltar ao salão: cortar as falsas amizade, as falsas verdades.
Está na hora de voltar ao salão: rever. Reavaliar, reconsiderar e reconstatar.
Voltar ao salão: trazer de volta.
E saber, enfim, que os fios sempre crescem e sempre precisam ser cortados.
E concluir que sempre existirão cortes diferentes, pois o que seria do mundo se o rastafári fosse universal? E eu, no meu estilo, ainda prefiro cortar meu cabelo a cada dois meses, porque os fios brincam comigo e me fazem passar calor.
Algumas luas se passaram e meu eu está diferente. Agora me deixe ir, preciso ir ao salão que há em mim.





G’ Stresser.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Mil.

São três meses mais alguns contos de dias de um leve trabalho que pensei, por vezes, ser em vão. Mas não, percebi que essa brincadeira é bem mais legal do que pensava!
Obrigado à todos que acompanham, muito obrigado mesmo. Agradeço aos amigos, companheiros, jovens idosos, familiares e demais blogueiros que um dia passaram por aqui.
Agradeço às críticas construtivas, aos elogios e aos simples comentários.
São MIL visualizações!
Aprazível Irreprochidez, o Sabor da Liberdade.





G ' Stresser.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Água Insensata.



Ela chega sutil. Nasce da dança das pálpebras dos olhos do céu. Seu movimento deliciosamente pecador a torna herege. Morta, cai por terra.
Lauta e sábia, resolve brincar de ser. Canta em si mesma, engana o céu e se faz em gotas. E faz de conta que é fogo: queima e arde de vontade plasmear. Faz de conta, ainda, que é mulher: se faz bela e encantadora. Por fim, antes de sua aterrissagem, faz de conta que é.
E alegra-se quando vê, a sua espera, a terra seca. E quando enfim pousa, logo a abraça e sente o gosto do beijo de terra molhada.
E depois de brincar de ser fogo e mulher, depois de matar as saudades da terra, logo se faz de tédio e se torna saudades.
Impaciente e sentimental, lembra-se dos tempos em que brincara de ser inocente e celícola gás. Rende-se ao Raio Calor Sol e em malemolência e fraqueza desmaia.
Feliz e irônica, sobe em ascensão aos céus. Resolve novamente brincar de ser. E dança em si mesma, engana a terra e se faz em nuvens. E faz de conta que é água: escorre e grita de vontade condensar. E faz de conta que é criança: se faz pura e doce. E antes de continuar a ser, faz de conta que é ciclo.




G’ Stresser.

sábado, 13 de março de 2010




Confesso que ainda lembro-me de quando decidi comer alface, de quando rabiscava a porta da sala, de quando eu nunca terminava as pinturas em sala de aula e a professora Meire - ainda sonho em revê-la - deixava como tarefa (mesmo assim eu não terminava). Lembro do dia que uma fria lágrima caiu do meu rosto ao saber que minha bisavó havia morrido. Lembro de quando brincava com Dududinha (uma história já contada aqui). Lembro-me do dia em que ajoelhei e agradeci a Deus porque minha mãe estava grávida. Lembro de quando posava na casa da vó morrendo de medo das histórias macabras que o Ratinho mostrava em seu programa. Lembro de quando a Daddy veio posar em casa, e pela manhã ela me deu pão com Nesquik. Também me lembro de quando ela quis botar na minha cabeça a tabuada do sete enquanto tinha apenas cinco anos. Lembro de quando ia à missa das quartas-feiras com minha avó. Lembro da saborosa salada de tomate que minha tia fazia. E de todas as lembranças, a que mais perece é aquele elefantezinho à corda que cantava musiqueta para eu dormir. E de todas as saudades, ainda não sei ao certo onde se encontram os resquícios desse elefante, nunca mais o reencontrei.


Confesso que ainda anseio viajar o mundo, conhecer novos lugares. Ainda anseio me tornar um doutor da alegria, fazer meu documentário e ter uma casa no sítio. Quero ainda ficar velho. Quero ainda, quando adulto, voltar às minhas origens. Quero ainda escrever livros e cativar mais as pessoas que amo. Quero ainda deixar de ser tão desse jeito e aprender a valorizar somente a quem merece. Ainda vou mudar de vez, aprender a amar a vida. Ainda anseio conhecer realmente quem são as cobras e os coelhos. Ainda vou ter uma chinchila. Ainda vou conhecer os filhos do Rei Sebastião na Ilha dos Lençóis. Um dia vou ter um piano de cauda. Ainda tocarei nos pés da sabedoria. Um dia, quem sabe, descubro quem são pessoas. Mas antes disso, anseio - e anseio muito – descobrir, enfim, quem sou eu.


Confesso que ainda penso que pessoas não nasceram pra existir, mas sim para viver. Ainda norteio-me pela lei do Karma, o ato e feito. Ainda penso em nunca me separar de mim mesmo. Ainda penso que no fundo os seres humanos têm um valor imensurável, mas ainda assim deixam se cobrir pelo lodo da ignorância. Ainda penso em continuar ouvindo Cássia, comendo alfajor e bebendo chá verde.
Ainda penso. Ainda sou. Mas acima de tudo, ainda vou ser. E vou.


Agora tenho que confessar que sou mais amigo do Confesso-Que-Ainda-Penso que do Confesso-Que-Ainda-Lembro e do Confesso-Que-Ainda-Vou. Por quê?
Porque o ele é quem me faz ser. Ele sou eu, e os dois outros amigos Confessos são apenas membros repartidos do meu pensamento.






G' Stresser.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Yin Yang



No início, era apenas um ser. Os dois deuses presentes num só corpo e numa só entidade moviam os céus e a Terra.
Ao aposentar, o Empíreo Decripto Céu tinha lhes conferido poder supremo.
Todas as forças e energias eram voltadas à mansuetude dos Grandes Deuses presentes em um só corpo e em uma só sintonia.

(...)
Naquele dia houve um conflito, para a surpresa de todos. Pela primeira vez, as forças começaram a sair da Sintonia Constante.
Logo após o fato, as energias das dos dois Grandes Deuses conflitavam-se constantemente.

(...)
Inesperadamente, após um período de conflitos constantes, houve o dia da grande separação. Não mais existente nenhuma sequer sintonia, o Empíreo Decripto Céu acordou de seu sono e separou as duas forças.
À força-primeira deu o nome de Sol. Ao Sol, o Empíreo Decripto Céu concedeu a energia do conhecimento e o qualificou como ‘Guardião’.
À força-segunda deu o nome de Lua. À Lua, o Empíreo Decripto Céu concedeu a energia da sabedoria e a qualificou como ‘Rainha’.
Para que as energias nunca mais se unificassem, o Empíreo Decripto Céu criou dois grandes espaços: o Dia e a Noite. Ao Guardião, confiou o Dia, e à Rainha, confiou a Noite.
A partir de então, as duas forças encontravam-se separadas e sozinhas.

(...)
Ao longo do tempo, Sol e Lua: o Guardião e a Rainha aprenderam a esquecer a mutualidade e passaram a viver por si só.
Quando o Guardião se põe a dormir e recolhe o Dia consigo, a Rainha aparece laureada pela Noite.
E quando o Guardião alimenta as ocultas e famintas lembranças do amor passado, se põe a chorar, e então a Terra vê de longe a sua Chuva-Tristeza. Rude e orgulhoso, logo trata de pintar um belo arco colorido no Empíreo e convocar seus servos pássaros para fingir que não sente saudades.
A Rainha, sábia e alquimista, quando recorda do amor passado, chora verdadeiramente suas saudades. Ela não trata de pintar arcos coloridos e ocultar seus sentimentos, apenas guarda-se no interior de sua escuridão e ordena às filhas estrelas para que se coloquem a dormir.
Quando, às vezes,se encontra míope no Véu Noite, a Lua não se identifica ao certo e sai vagar. Por algumas raras vezes, ela encontra as portas do Dia e avista os raios do Guardião. A Terra, nesses instantes, aplaude sadicamente o rastro negro deixado pela Lua nos olhos do Dia. A Rainha, assustada, logo puxa a longa cauda do Véu Noite e volta para seu devido lugar.
Ainda hoje a Terra espera o Grande Reencontro, tão aguardado por todos, até mesmo pelos Deuses, que subliminarmente anseiam a volta dos tempos em que amavam a paixão.

G' Stresser.

quarta-feira, 10 de março de 2010

chapéu,





Pula e pula, faz a festa
Canta e dança, fofa e bela
Corre e brinca na floresta,
Chapéu, Chapeuzinho Amarela.
G' Stresser.

sábado, 20 de fevereiro de 2010


‘Só mais duas horas pra eu decidir’.
E sem saber quando me fará uma visita, o Sol das Oito da Noite vai embora sem se despedir.
Agora, em ponto, onze horas e eu aqui.
E sem saber se fico ou se vou , continuo a escrever.
Meio poesia, meio texto maluco. O que me importa é tristeza da perda, o que vem à mente, a gente deixa transparecer.
E sem tempo pra pensar em fazer uma poesia bonitinha, continuo esperando a Volta do Sol das Seis da Manhã, afinal de contas eu cansei de acordar no breu das seis e trinta e seis. (Todos os dias. Dona Judite que o diga).
Afinal de contas, quatro minutos já se passaram e não são ‘só mais duas horas pra eu decidir’.
E eu sei que hoje nem posso passar a madrugada aqui.
Hoje não tem Curitiba Power.
Hoje não é madrugada de Jovem Idosos.
É uma madrugada do fim dos tempos ociosos, a volta do que desde o dia dezoito de um certo décimo mês me faz feliz e com vontade de viver.
É o sol das Oito da Noite que marcou um certo primeiro mês. E que os Rios de Janeiro levem suas águas pra bem longe até um certo desconhecido.
Que nas poucas boas lembranças dos dias passados eu tire a vontade pra me fortalecer.
Afinal de contas,
Nunca é tarde pra recomeçar.
E se no começo do ano não deu pras ondinhas eu pular
Que eu pule AGORA nas águas destas palavras.
E que as saudades do Sol das Oito da Noite apenas fiquem na memória como um momento da vida.
Porque tropeçar e levantar faz parte da vida. No fim quem sabe eu veja o tropeço como piada, no fim que eu dê uma gargalhada.
Para os que riram do tropeço, no fim da estrada todos terão um ralado no cotovelo.
E o que era pra ser poesia virou um texto meio pronto. Há dezoito minutos me encontro nas palavras. No jogo de combinações do vai e vem das letras perdidas saem idéias e casamentos.
E um dia eu entendo porque será que o Sol das Oito da Noite tem de ir embora.

E que vá com deus e aqui eu fico agora. Porque pra mim o Horário já morreu. A lua tomou o lugar do Empíreo enquanto estava na missa, e mesmo que se estivesse enxergando não poderia ver tamanha beleza.

E pensando na vida, na tarde de beleza, percebi que a saudade é em vão. O que fica é o doce sentimento da vontade de um dia reencontrá-lo.

Assim vai ser melhor.

A propósito, ‘ são só mais trinta minutos pra eu decidir’.










G’ Stresser.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Feéricas Lembranças



Era o meu companheiro desde os três anos de idade. Todos os dias, após tomar meu café da manhã eu ia o encontrar.
Brincávamos juntos, assistíamos TV e até rezávamos. De vez em quando, Jack e Rosalho também participavam das brincadeiras.
O melhor era a hora do almoço. Ele tinha vergonha dos meus pais, sempre corria para trás da horta, onde morava. Mas eu sempre o trazia à mesa.
Algumas vezes minha mãe não colocava o prato dele na mesa na reles tentativa de que eu me esquecesse daquele grande amigo, já que ver seu filho falando ‘sozinho’ a incomodava.
Foram uns três anos de amizade.
Logo comecei a estudar, Jack me avisara que ia embora para São Paulo e Rosalho a acompanhara.
Ao longo do tempo, comecei a me distanciar dele, e quando dei conta não havia mais ninguém atrás da horta. Ele não estava mais do meu lado;
O engraçado é que aquele amigo perfeito não existia, era tudo fruto da minha fértil imaginação.
E eu nunca mais vi Dududinha, o meu amigo imaginário.






G' Stresser.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pertinácia.


“ De repente, Ele condicionou-se em um profundo estado de dominação e resolveu acabar com toda a água que emanava no Espaço no Qual Exercia Domínio.
Os seres dominados viram-se tomados pelas forças da sede. Os seres pertinentes, por sua vez, apenas viram-se num espaço com ausência de água.
Noutro momento, Ele decidiu apagar toda a luz existente no Espaço no Qual Exercia Domínio.
Os seres dominados viram-se tomados pelas forças das sombras. Os seres pertinentes, por sua vez, apenas viram-se num espaço com ausência de luz.
Pilheriamente, Ele resolveu acabar com toda e qualquer forma de sentimento existente no Espaço no Qual Exercia Domínio.
Neste momento Ele pôde perceber que os seres dominados encontravam-se num profundo estado de desgraça. Os seres pertinentes, por sua vez, encontravam-se num profundo estado de resistência.
Vendo isso, fez com que aos seres dominados fossem voltadas as forças das luzes para que pudessem ver, das águas para que pudessem beber e das emoções para que pudessem sentir. Aos seres pertinentes não foram devolvidas as forças.


(...)

Quando o fim estava por vir, os seres dominados já haviam matado a sede, voltado a enxergar e sentir. Puderam perceber que não poderiam viver sem a luz: a matéria que podia iluminar o meio que viviam; a água: a essência física de toda forma de vida; as emoções: a essência moral de toda forma de vida. Mais que isso: não poderiam viver sem Ele, a fonte da vida. As forças só poderiam ser controladas e emanadas ao Espaço no Qual Exercia Domínio por meio da vontade e da ordem de Ele.
Os seres pertinentes, por sua vez, puderam perceber que a água é apenas matéria . As emoções são sonhos, valores são desprezíveis. Sentir, segundo os pertinentes, é sonhar, criar ilusões. A luz?! A luz era o próprio poder da mente. Pertinentes não necessitavam de luz. Eles se auto-iluminavam.
Os pertinentes descobriram que dentro de cada ser havia um grande Ele que emanava todas as forças para que se existisse a vida. O sentido da vida partia, enfim, de dentro do ser. O meio externo e suas forças eram irrelevantes.

(...)




E quando o fim chegou, levou consigo os dominados, que adoravam a Ele até o ultimo instante. Levou também as forças que os alimentavam.
Ele, agora, passava a ser dominado, pois outros grandes Eles exerciam maior domínio sob o Espaço, afinal de contas,



‘Aquilo a que você resiste, persiste.’”






G’ Stresser.