quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
sábado, 24 de dezembro de 2011
364 Natais
Desde que soube que Noel não existe, me entala na garganta a cara do Natal. E, mesmo sob o torpor de tanta maquiagem, sua feição é sempre pálida, sempre embrulhada em papel-seda.
Optamos pela vontade escandalosamente secreta de comer a coxa do peru, de escapar dos presentes-de-grego de uma tia avó, de beber até que o Eno nos ajude. Nós somos assim. Podia ser fácil – como quando inventamos essa data para celebrar a fraternidade gelatinosa; aquela que, sem cheiro nem gosto, enche a barriga de muitos – crer na fé das coisas miúdas, dos gestos pequenos, dos sentimentos mais limpos e tenros, dos outros trezentos e sessenta e quatro natais.
A gelatina da fraternidade desce vagarosa pela garganta. E isso é o que importa. Enquanto houver digestão, há fome. E que os Natais, maquiados ou desnudos, continuem a matar todas as fomes do mundo.
sábado, 10 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Ácido Lar
O bom filho a casa torna. O mau, por sua vez, faz assim:
É bom ter-me de volta ao blog. Sinto-me aconchegado novamente, numa fria – e agora cinza – certeza de que quando saímos do lugar onde tudo começou fica o sabor da saudade sempre enroscado em algum vão entre os dentes.
O blog cresceu, tomou suas próprias rédeas. Eu e ele demos um tempo para a nossa relação. Conheci novos ares, me aventurei em projetos mal-cabidos que acabaram trazendo grandes conquistas, levei meu sujo trabalho a sério.
Aí voltei. Com a cara lavada, a alma renovada, a cabeça de sempre com novos TOCs que o tempo proporcionou. Voltei e, quando abri os olhos, isso aqui já tinha dois anos de existência. Hoje. Nove de dezembro de dois mil e onze.
E necessariamente estou aqui. Aprazível Irreprochidez, feliz aniversário. Eu voltei.
Guto Stresser