sexta-feira, 30 de abril de 2010

O Segundo Sol

Eu só queria te contar que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia e a vida que ardia sem explicação” (Cássia Eller)

Quarta-feira, 31 de Março de 2010, 19:35 .
Sinceramente, eu nunca havia presenciado tamanha lhaneza de sua parte. Audaciosa, Ela resolveu me visitar para ver meu espanto diante de sua mansuetude.
Nenhuma ciência poderia descrever o que avistei da área dos fundos. A Grande Lauta Rainha Lua estava ali, na minha frente, como nunca antes visto.
Naquela noite eu fui agraciado pelo melhor presente que poderia receber de Suas mãos. Todas as noites eu a avistava de longe, e me imaginava saciando minha sede fanática em Seus longos braços tingidos de Flicts.
Enquanto desenhava, mal podia imaginar o que se passava nos Céus. Quando enfim senti um cheiro de mistério que me levou até tamanho espetáculo da natureza, Ela havia se tomado de inocente vergonha e logo se posicionou em seu devido lugar. Bem pensei em registrar aquele momento, contar para todos que a Lua havia descido dos céus para estar ao meu lado, somente ao meu, mas não, até porque somente eu ganhei cinco minutos de profunda platonia de paixão e admiração. Rapidamente, sem ao menos dar tempo de realmente poder pensar no que estava acontecendo, a Rainha voltou ao seu lugar no mais alto dos céus e quando me dei conta ela já não era mais somente minha, mas novamente pertencia aos bêbados da madrugada, aos amantes, às estrelas e à Noite.

Sexta-feira, 30 de Abril de 2010, 18:30.
Até então não havia me dado conta do que estava acontecendo. Ao voltar da viagem, meu ego apenas pensou em se preocupar donde estaria meu MP4 e o livro que havia comprado.
Mas num relance de segundo, enquanto pensava no meu eu, me dei conta que do lado de fora do automóvel acontecia uma linda festa.
Majestoso, Ímpar, Pleno e Rei, o Mestre Raio Sol e Calor resolveu brincar de colorir o céu, e em instante paradoxal chorou uma lágrima de Seu sangue sobre o espaço, que logo tomou conta de se tingir. O Céu, então, se travestiu de Dama de Vermelho, e num instante de tempo se fez a mais bela de todas as cores e sabores: seu véu ardia de alegria, fazia de seu vestido uma acerola carnuda.
Desesperadamente resolvi eternizar aquele momento com uma música, o que provavelmente atrapalhou o festejo celeste, que aos poucos foi se recolhendo. O Mestre Sol, caindo em sono, se fez lentamente relaxar sobre as nuvens. O Céu, agora sóbrio, tratava de tirar sua maquiagem afim de pôr-se em escuridão que há em seu íntimo.
Ao som de Until The Last Moment, os solos e arpejos do piano me acompanharam até o momento da transfiguração de Sol em Lua e Dama de Vermelho em Senhora Negra Noite.


Nesse instante de tempo, espontâneamente algumas lágrimas caíram frias dos meus olhos, que me fizeram enxergar e compreender que após um mês eu havia novamente sido presenteado com outro belo espetáculo do mistério que é a vida e natureza.
Eu não tive, naquele momento, palavra, ato ou qualquer outro tipo de espécie capaz de materializar o que sentia.






G' Stresser.

quarta-feira, 21 de abril de 2010


Brincar de levar a sério amarela e bilboquê
Meu cão cometeu adultério aquarela e bidê.
Já não sou mais charuto blues e poesias
Joanna Darc cólicas gastrites e azias

Canela em pau, hortelã, cavalinha e arnica
Vela preta Portugal joaninha e Guernica.
Drama fogo Miró sonho foice e guilhotina
Faca ferro dorflex epocler e neosaldina

Figo
Fruta
Louco
Pia
Canta e
Dança
Poesia

Canto pela praça
João, Maria e Graça
Fico faço falo e furo
Dor angústia traz que eu curo

Paro para piar
Há mar na arte de amar
Canela e fiz de coentro chá
Cinco anos imperatriz sou há

Quinze março 2010
Preto branco sorte revés
Vinte uma, alguns segundos e mais meia
Capela Sorriso All Star e Baleia.
G' Stresser.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Decidi trocar meu amor por um quilo de bisteca


Decidi trocar meu amor por um quilo de bisteca. Decidi, enfim, me deixar por fazer, me tornar substrato. Sobrepujar-me diante dos olhos dos outros, fazer-me artista circense e viajante. Decidi poder atormentar minha imaginação até que ela se canse e me faça dormir. Decidi fluir, gritar até me sentir leve a ponto de ser carregado pelo vento. (Aí então, poderei me refugiar no céu e me alimentar apenas de nuvens. Viver da anorexia do existir, apenas saturar-me de gula pelo pensar.) Decidi chamar “panela” de JUPOQÜÍVELA e “paralelepípedo” de GRITAL. Decidi inventar um relógio com letras e estar convicto que o mundo nasceu de uma bolha de sabão. Decidi desprezar churros, me alimentar apenas (se me alimentar, claro) de pamonhas com queijo Vacherin Mont-d’Or. Decidi fazer meu sol acordar às três e quarenta da tarde. Decidi matar a Lua e enterrá-la no céu. Decidi respirar Einstênio. Depois de fazer uma faculdade, decidi me casar e viver na Terra do Nunca ou então no País das Maravilhas, (apesar de minha mãe insistir para que fique por aqui mesmo) lá existem seres devidamente racionais. Decidi avisar quando cansar de viver, para que todos possam saber. Ah, sabe o que decidi agora? Decidi que não vou mais trocar meu amor por um quilo de bisteca, porque sou vegetariano.










G' Stresser.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pequenez



O escritor vírgula então vírgula decidiu escrever ponto
Ele falava das coisas pequenas da vida ponto
Ele falava dos diminutivos vírgula das porções vírgula dos fragmentos ponto
Ele falava da importância da pequenez vírgula da mansuetude das pequenas migalhas e da expressividade das formigas ponto
Ele falava que às vezes o homem procurava tantos significados para suas perguntas na grandiosidade das coisas e não sabia que os sentimentos também se apresentavam em miniaturas ponto
Na verdade vírgula ele queria dizer que o interior é muito mais poderoso vírgula e que uma simples vírgula travessão algo tão pequeno dentre esses 746 caracteres travessão faz muita parênteses e muita parênteses falta ponto final







G’ Stresser.

domingo, 4 de abril de 2010

E viva a Teobromina.


Domingo, quatro de abril de dois mil e dez. 00:00:00
Muita teobromina e lauta heresia.
Joyeuses pâques.



G' Stresser.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por que mentimos? Pelo prazer de enganar ou pelo medo de dizer o que é verdade? A mentira esconde, fecha as janelas. A tirania dos hipócritas impõe o dedo e diz: “Não faça, não sinta, não veja, apenas finja. Sentimentos são lâminas afiadas que cortam superficialmente sua pele, mas não atingem sua alma”
É bem verdade que o mundo é uma mentira.
Mentira é pensar que o amor é um sentimento bonitinho que mora no coração das pessoas. O amor é preto, noite, solidão e chuva.
É mentira também que solidão é um estado de espírito distante dos outros. O ser humano resolveu fazer da solidão uma distância porque esta era muito complexa, difícil de ser compreendida.
Ser humano? Isso sim é uma mentira cabeluda. Seres humanos são máquinas superficialmente saturadas de sentimentos, dotadas de mediocridade e instinto reprodutor.
Na verdade, cansada de existir, um dia a Senhora Mentira resolveu se personificar e então se tornou ser humano. E então tudo se fez de mentira: Construiu-se uma sociedade, os seres humanos passaram de máquinas a “seres pensantes” e isso se tornou metódico.
Mentira é dizer que somos, porque máquinas não são, elas apenas obedecem a comandos previamente ordenados sob algum controle.
Existir é uma mentira. Porque na verdade, a mentira é uma mentira.


Feliz dia da Mentira.




G’ Stresser.