terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mameluca

E...


...de repente o céu escurece
E o vento a soprar se entristece.
De repente, tudo se cala.
Não se ouve fala,
Só se ouve o triste olhar do Chão-de-Giz
“-Aí vem ela”, o Chão diz.
E se levanta a velha sentada no banco.
Vestido rendado, fosco e ardente branco.
A mais pobre felicidade,
A mais bela simplicidade.
E na miríada da batida
Pé no chão, terra sofrida
A pobre mameluca ostentada de riqueza
Roda a saia rendada, exprime a mais casta beleza.
- “Agora sim.” - diz o Chão-de-Giz.
- “Agora eu sei.
Agora digo o porquê do silêncio da grei:
Esperávamos a felicidade
Que se escondia no colo da Mãe.
Em virgem verdade, caros, em virgem verdade agora digo:
Quando o Tudo se calou, quando o Velho Vento se entristeceu
Quando o Mestre Nada dominou e o Chucro Buio morreu,
Esperou-se apenas o levantar da Velha sentada no banco,
A Mãe do vestido rendado, do fosco e do ardente branco
... ”

Gustavo Stresser Costa

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