sábado, 12 de junho de 2010

Doze Profecias e um Doce Desespero



Passávamos pelas curvas da estrada à beira-mar com tanta voracidade e rapidez que meu coração adormecia em estado de inquietação. Surrealmente, algumas ondas batiam eufóricas no automóvel na tentativa de nos levar para si.
Enfim, o mar havia cessado.
Avistávamos, agora, a entrada da chácara que se perdia no horizonte. Ao passar pela porteira - que desta vez estava na ausência dos anjos com suas trombetas, como em outras vezes – ela havia me dito que a Cigana estava por perto e que a missão estava começando a se realizar.
Chegamos, então, ao ponto máximo da emoção. Precipitadamente, me tomei de medo e tremulamente observei a entrada do bosque. A Cigana havia descido.
Árvores altas se uniam num ritual místico, competiam entre si e não permitiam nenhuma manifestação de luz solar. Ao olhar para cima, avistei cenas chocantes: Pretos Velhos e meninas maltrapilhas, que se prostravam como zumbis, mesclavam-se numa grande manifestação sobrenatural e mística.
Dentro do automóvel, a Cigana gritava saudações e entoava cantos e toques. Havia ali, à minha frente, uma sinfonia composta por gritos de euforia e um doce desespero, ritmos de batuques e entidades saudadas com alegria, de modo muito estranho aos nossos olhos.
Ao chão, adormeciam caveiras e seres mais misteriosos dançavam. Baianas faziam oferendas, reproduziam as mais remotas harmonias, ressuscitavam espíritos tão anciãos quanto à altura das árvores.
Ao fim do bosque, as últimas árvores choravam ardores ainda mais misteriosos. À frente, avistamos uma choupana.
“Pois foi este o caminho que escolhestes. Este, então, não é o caminho que escolhi para conosco. Adeus.” – Um dos que foram escolhidos para presenciar a manifestação do bosque, descontente e fugindo de medo, ao pegar um rosário e iniciar uma oração, me disse com tristeza.
Ela então estava sentada sozinha, num canto. Fui ver o que acontecia, e então me disse que passaria por doze profecias para alcançar sua evolução.
A me ver confuso e sem entender sua metáfora, ela sugeriu que eu viajasse para outro plano para poder visualizar as suas doze provações. Mas infelizmente essa façanha não me foi concebida.
Enquanto viajava, acordei. Madrugada de vinte e quatro de maio de dois mil e dez. E então me lembrei que venho sonhando com este bosque há algum tempo, o que me causa certa sede pelas respostas destes mistérios.





G’ Stresser.

3 comentários:

  1. puts, escritor ! mt bom, beijos seguindo aqui

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  2. Que sonho misterioso. É sempre uma delicia sonhar, infelizmente faz tempo que não lembro dos meus, são apenas uma vaga lembrança e olhe lá rsrsrs Mas seu texto é belíssimo e de uma emoção tão impressionante que nos transporta para seu sonho como se ele fosse nosso. Lindo demais

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liberdades saborosas